O SILÊNCIO DOS INOCENTES

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Acabou por ser, como todos os anos, o dia do meu aniversário de nascimento.

Porém, acabei  por entrar na denominada terceira idade. Filhos e netos apareceram para comemorar à tarde da minha vida. A seguir, deve aparecer a noite da minha vida. Mais tarde ainda, nada haverá para comemorar, com a exceição de lembrar o avô falecido. Apenas, muito mais em frente, quando leve o seu pai a sua filha para o altar, essa minha neta irmã do que aparece na imagem  deste texto. Se Manuel de Oliveira e Mário Soares atingiram uma idade provecta  porque eu não ia a cumprir eu também esses anos? Filhos e netos estariam felizes e eu também.Com uma grande diferença. Os personagens nomeados não tiveram que sofrer sem agir, como nós, o povo, as hesitações de um primeiro-ministro que pretende- nós governar. Um Primeiro-ministro que tem por dever, como afirma a Constituição do Estado, de velar pelo bem-estar e o emprego do trabalho dos portugueses: Artigo 187.º Formação 1. O Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais. 2. Os restantes membros do Governo são nomeados pelo Presidente da República, sob proposta do Primeiro-Ministro. Artigo 188.º Programa do Governo Do programa do Governo constarão as principais orientações políticas e medidas a adotar ou a propor nos diversos domínios da atividade governamental.   Artigo 189.º Solidariedade governamental Os membros do Governo estão vinculados ao programa do Governo e às deliberações tomadas em Conselho de Ministros. Artigo 190.º Responsabilidade do Governo O Governo é responsável perante o Presidente da República e a Assembleia da República. (Fonte: a Constituição Política de Portugal) O problema que aparece é o de termos um Primeiro-ministro que pede empréstimos para governar o país e que não tem o fôlego de os cumprir como está prescrito com os Bancos que apoiam o nosso país na sua economia. Não é por acaso que o antigo Ministro da Cultura descobriu o talão de Aquiles do Primeiro-ministro atual, comentando a atitude do Primeiro-ministro atual, no jornal do 25 de Janeiro de este ano no Diário de Notícias, com estas palavras: O socialista Manuel Maria Carrilho, parece ter descoberto qual a verdadeira doutrina do primeiro-ministro: “Um ultraliberalismo estruturalmente fanático”, denunciando ainda a sua estratégia. “Trata-se de uma táctica batida, de eficácia bem reconhecida, que não se deve menosprezar: é a táctica de avançar mascarado, jurando sempre respeitar o que se despreza, e respeitar o que se venera”, e acrescenta Carrilho, “o resto são meros expedientes e pequenos truques, fáceis para quem gere o poder”. Se o liberalismo é uma doutrina económica do século XVIII, originada por Adam Smith que todos conhecemos, que causara estragos entre os europeus desses tempos, tendo que abandonar os campos que semeavam para comer, vender e viver, que passaram de trabalhadores rurais à proletariado das industrias nascentes na denominada Revolução Industrial, em que se trabalhava desde a madrugada até pela noite dentro, com pobres peniques para pagar a alienação do trabalho, nos dias que correm este primeiro-ministro não apenas não paga bem como reforma o Estado sem perguntar a ninguém e despede trabalhadores dos seus empregos ou manda impor impostos tão altos nas indústrias, que estas entram em falência e despedem trabalhadores. Calcula-se que apenas em Dezembro de 2012, 30% da mão-de-obra portuguesa, estava desempregada. Com o orçamento de 2013, que o Presidente da República promulgou sem consulta, como manda a Constituição, nem para o Tribunal Constitucional nem para o Conselho de Estado, enviando fatias que lhe parecem gravosas para o Tribunal, sem reparar que o conjunto do orçamento é inconstitucional por retirar das mãos do operariado português, as garantias e liberdades de trabalhar no seu país e receber ordenados e subsídios como mandam os primeiros artigos da Constituição. O Governo todo é inconstitucional por faltar, pelo menos, o mandato do artigo 13, que diz: Artigo 13. º Princípio da igualdade 1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei. 2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual. Os que emigraram para encontra uso às suas profissões, tiveram que voltar para o princípio de desigualdade que caracteriza este governo. O ultraliberalismo é uma tragédia que todos vivemos. Manuel de Oliveira e Mário Soares têm adoecido por estas injustiças. Como a maior parte do povo português. Duvido atingir nenhuma proveta idade, duvido ver crescer os meus netos, a vida não permite nem o pagamento das viagens nem as suas estadias em países tão caros. Os inocentes guardam silêncio. Os inocentes não são apenas os meus netos, é o povo português que entregou a sua soberania a quem despede força de trabalho e diminui as nossas entradas com mais impostos para pagar a dívida contraída pelo esquecido Passos Coelhos. Não há maneira nem forma de entender os sim que são não, do primeiro-ministro indigitado. Por enquanto… Raul Iturra 26 de Janeiro de 2013.